Philip
Roth é um dos autores americanos mais premiados da atualidade. Recentemente foi-lhe
atribuído o Prémio Príncipe das Astúrias. Em 2011 ganhou o Man Booker
International Prize, o mais prestigiante prémio para escritores de língua
inglesa. Némesis é o seu trigésimo primeiro livro.
Decorria
o ano de 1944, milhares de soldados americanos combatiam na Europa. Bucky
Cantor é dado como inapto para o serviço militar por causa de um problema de
visão. O sonho de combater na Europa é-lhe negado, sendo um dos poucos da sua
geração a ficar em Newark. Passa a ser monitor de um recinto de jogos, mas um
surto de pálio toma conta da cidade. As notícias sobre a guerra ficam para
segundo plano, agora toda a gente fala na doença.
“Comeu
aqui um cachorro quente, foi para casa, apanhou a pólio e morreu, e agora toda
a gente tem medo de cá entrar.”
O
medo é paralisante, com ele surgem os boatos e o ser humano revela os seus
piores preconceitos como o racismo ou o antissemitismo. (“Mas então os
italianos? De certeza que foi os italianos!”).
Cantor
é devastado por sentimentos como a culpa, o medo, o pânico, a revolta, a
incredulidade, o sofrimento ou a dor. Não devia estar a combater na guerra?
Deverá abandonar a cidade, deixando a sua avó sozinha para ir ter com a sua
namorada a Indian Hill onde o vírus não existe? Abandonaria os rapazes da
cidade, logo agora que ele era mais preciso? Será que podia ter evitado a
epidemia?
Deus
também é tema ao longo de todo o livro, se para uns é o refúgio que os pode salvar
da desgraça, para outros é o culpado pela propagação do vírus da pólio assim
como da guerra na Europa. No final do livro o autor deixa em aberto uma
reflexão: Será que se não acreditarmos em Deus podemos responsabiliza-lo pelas
desgraças no mundo?
Também
já no fim do livro lembra os avanços da medicina. Felizmente hoje já existe
vacina contra a pólio, contudo os sentimentos humanos, assim como os
preconceitos parecem ser hoje os mesmos que eram no final da 2ª Grande Guerra.
Boa
leitura…
Excelente sugestão de leitura. Espero que seus leitores possam se encantar com a força dessa história, assim como eu me encantei.
ResponderEliminarOlá deise,
EliminarRoth é sem dúvida um grande escritor, acho que já merecia o Nobel.
Este foi o melhor livro que li dele.
A Mancha Humana também é um livro extraordinário.
ResponderEliminarOlá Carla,
EliminarSabe, tenho um amigo - tem sensivelmente 60 anos - que detesta as pessoas negras. Diz sempre que cada negro deve ser cortado em dois.
Foi ao ler A Mancha Humana que me apercebi do porquê…
Os americanos que tiveram na guerra do Vietnam não podem ver pessoas com "olhos em bico". Foi-lhes ensinado que todos deveriam ser mortos, para eles era matar ou morrer, daí o ódio.
Agora em tempos de paz não os percebemos, dizemos que são racistas, o que é verdade, mas a culpa não foi deles, foi de todos aqueles que os mandaram para a guerra e lhes deram essas ordens. Mas aqueles que os mandaram para a guerra não ficaram com traumas e são os mesmos que hoje dizem que essas pessoas não evoluíram no tempo.
Nunca ouvi um português dizer: cada Vietnamita deve ser cortado em dois, porque será?
Sinceramente Tiago, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra... Existe preconceito racial nos EUA também, aliás, lá talvez esteja o maior foco de racismo existente em todo o mundo. A cultura dos povos, propagada ao longo de séculos é que leva ao racismo!!! Pode ter certeza que os americanos já esqueceram dos vietnamitas a muito tempo, mas os brancos americanos não se esquecem dos negros americanos e vice-versa!!! Isso é cultural, e infelizmente se propaga ao longo dos séculos!!!
Eliminaradsa
ResponderEliminar