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domingo, 15 de dezembro de 2013

A Boneca de Kokoschka - Afonso Cruz



"Não existe mentira na literatura, na ficção, e, digo-lhe mais, não existe verdade na vida real. Se perceber isto muito bem, perceberá muito mais coisas."

Excerto da página 83

terça-feira, 12 de novembro de 2013

7 meses depois, o Sugestão de Leitura está de volta

Pois é amigos, há 7 meses que não publico nada.
No entanto, o blog continua com mais de 10.000 visitas por mês, o numero de seguidores duplicou neste período.
A falta de tempo é sempre uma boa justificação para o sucedido, mas 10.000 visitas por mês merecem pelo menos uma palavra.
A minha próxima sugestão vai ser A Desumanização de Valter Hugo Mãe.

Aquele Abraço


quarta-feira, 13 de março de 2013

Há Sempre um Amanhã - Pearl S. Buck


               Em 1938, Pearl S.Buck torna-se a primeira mulher norte-americana e vencer o Prémio Nobel da literatura.
                Há Sempre um Amanhã foi escrito em 1931.
                Joan, Rose e Francis são três irmãos que ainda jovens, mas já adultos, vêm a sua mãe morrer de uma doença prolongada. Mr. Parsons , pai dos três, é um padre presbiteriano. Para ele, Deus está acima de tudo, vive exclusivamente para Ele. Rose casa com Rob, (“Desejas casar com Rob, Rose? Se Deus me diz que o faça.”) juntos partem para a China para uma missão evangelizadora. Francis parte para a cidade com o desejo de ser piloto de aviões.  Mr. Parsons começa a ser contestado pela comunidade, os tempos áureos em que era respeitado por todos, já lá vão. Agora acham as suas missas chatas e pedem outro padre. Ao saber que vai deixar a paróquia, Mr. Parsons não aguenta o desgosto e morre. Joan vê-se sozinha e infeliz. (“Mesmo que varresse a casa e enchesse as jarras, desde que enchesse com as últimas rosas vermelhas o velho açucareiro de prata e o pusesse na mesa do corredor, defronte do espelho, para quem o faria?”) A partir dai a história vai-se desenrolando, Pearl S. Buck aproveita-a para questionar muitos dos comportamentos da sociedade de então.
                Se temas como o divorcio; (“não permitirei um divórcio nesta casa! O que Deus juntou…”) ou o fato de as mulheres só poderem sair há rua acompanhadas com os maridos são problemas do passado, pelo menos na nossa sociedade. Na verdade, temas como o racismo; (“reinava em South End uma atmosfera muito carregada, com os operários brancos em greve contra Mr. Bradley, por ele ter admitido negros.”) a homossexualidade; (“amo-te porque és tão encantadora e parecida com um rapaz.”) o preconceito social que é namorar com um homem bem mais velho; ("tem quarenta e cinco anos, pelo menos e tu tens vinte e dois!") O medo da morte; ("não me deixes morrer") a injustiça do sistema capitalista ("não há oportunidade nenhuma para um tipo que não tenha influência, dinheiro ou qualquer coisa…quase morri de fome em Nova Iorque. Havia comida por toda a parte…") e sobretudo a desigualdade no tratamento entre pessoas de sexo diferente são ainda hoje temas muito atuais, sendo este um dos temas centrais da obra.
                Deus é o outro tema central deste romance. Quando Joan sabe que o seu filho é deficiente revolta-se contra Ele, mas na verdade só encontra conforto Nele. Já no fim do livro e depois de muito questionar Deus, Joan afirma: “Se Deus existe, eu não Lhe poderia perdoar.”
            Joan luta toda a vida pela felicidade, mas será que conseguira? Francis simbolizado todos os americanos que desejavam uma vida melhor. Rose que tudo dá a Deus é assassinada na China. Três irmãos, sempre com a esperança que exista sempre um amanhã.
            Boa leitura…  

quinta-feira, 7 de março de 2013

Gabriel García Márques faz hoje 86 anos.



Gabriel García Márquez faz hoje 86 anos.
É pena já não escrever mais, todos nós perdemos muito com isso.
É um dos meus escritores favoritos.
Pablo Neruda disse um dia sobre Cem Anos de Solidão:
 “este é o melhor livro escrito em castelhano desde Quixote.”


Sugestões e citações de livros de Gabriel Garcia Marquez:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/search/label/Gabriel%20Garc%C3%ADa%20M%C3%A1rquez

sexta-feira, 1 de março de 2013

o apocalipse dos trabalhadores - Valter Hugo Mãe

              
Valter Hugo Mãe é um dos escritores de língua portuguesa que mais admiro. Ao ler o apocalipse dos trabalhadores consolidei a opinião que tinha sobre o escritor. Ele tem uma sensibilidade extraordinária, as suas personagens revelam uma capacidade fora do comum de se por no “lugar do outro”. Recordo que o escritor tem apenas quarenta e um anos, o que torna ainda mais raro este tipo de escrita nessa idade.
                 Foram vários os “murros” que levei no estomago ao ler o romance. Neste livro fala-se de muita coisa, mas é sobretudo a felicidade humana que é questionada. Confesso que VHM abordou o tema por pontos de vista que não tinha pensado, e isso levou-me a chegar a conclusões que nunca me tinham passado pela cabeça. Mas será que somos uma “máquina de trabalho a caminho da felicidade e nada mais.”
                Maria da Graça era quem fazia as limpezas na casa do senhor Ferreira. Acabam por ter uma relação amorosa. O senhor Ferreira “era um homem cheio de razões para viver, estava reformado, tinha dinheiro, sabia coisas, apreciava ainda os prazeres mais elementares” mas para grande surpresa suicida-se.
                Quitéria é a grande amiga de Maria da Graça, ganha dinheiro indo a funerais, tal como a amiga vive num bairro social. Apaixona-se por Andy um ucraniano a trabalhar nas obras que veio para Portugal tentar proporcionar aos pais uma melhor alimentação na Ucrania. Quando Andy soube que iria ganhar 300€ por mês “acreditou que nunca mais passaria fome”.
                Augusto, o marido de Maria da Graça, era pescador, por isso passava meses fora de casa, mas ao casal só o casamento os unia, todo o resto não existia. Por vezes, batia na mulher e acretiva que Graça não tinha desejos sexuais.
                A felicidade e a aparência de felicidade; as frustrações da vida; a dura vida de quem é pobre e tem poucos recursos; o mau que é viver num país onde ninguém nos entende e onde ninguém percebe a língua que falamos; a histórica fome na Ucrânia ou a alegria de viver são apenas alguns dos temas abordados.
                No final do livro, pelos menos aqueles que não tenham um coração de pedra, serão certamente mais humanos e “menos máquinas”. No meu caso, confesso que passei a olhar os imigrantes com outros olhos.
                Grande livro, parabéns Valter Hugo Mãe
                Boa leitura…


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Morreu Stéphane Hessel autor de Indignai-vos

Inspirou o movimento dos Indignados, o único sobrevivente do grupo que em 1948 redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e morreu na última noite em Paris. Stephane Hessel, 95 anos, era o autor do manifesto "Indignai-vos", publicado em 2010, que vendeu 3,5 milhões de cópias em todo o mundo.
Evadiu-se em 1944 de um campo de concentração nazi e gostava de dizer a propósito: "Lutei contra Hitler e fui eu que ganhei".
Grande homem, nunca deixou de lutar pelos seus ideais e fê-lo sempre de uma forma pacífica. Mesmo depois dos 90 anos não baixou os braços e apelou à indignação das pessoas, segundo ele, a Europa está a ir por um caminho muito perigoso. Seres humanos com Stephane Hessel fazem muito falta ao mundo.

Sugestão de leitura e citações de Indignai-vos de Stephane Hessel:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/search/label/Indignai-vos



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Gostaria, Zeca Afonso, de ser hoje tão Popular?


Fez ontem 26 anos que José Afonso nos deixou.
"Zeca" marcou um período na música portuguesa. O período onde as músicas de intervenção imperavam.
”Uma revolução precisa de muitas músicas” e ele foi dos cantores que mais inspirou o povo português a fazer a revolução de 1974. Recorde-se que em 1963 canta “Os Vampiros” música censurada pela PIDE, viria a tornar-se símbolo de resistência anti-Salazarista da época. Grândola Vila Morena foi pela primeira vez cantada em 1971 e ficou para a história como uma das músicas do 25 de Abril de 1974.
Gostaria, Zeca Afonso, de ser hoje tão Popular?
 Julgo que não. O grande Zeca gostaria certamente de ser recordado como o grande cantor dessa época e não como um cantor muito em voga neste início de século. Porque se neste país “há beira-mar plantado” não morrerem tantas pessoas por não terem dinheiro para comprarem medicamentos; se centenas de famílias não tivessem a ser despejadas das suas casas; se o desemprego não fosse tão elevado; se tantas mães não desesperassem por não conseguir por na mesa comida para os filhos certamente não se ouviria tanto Zeca Afonso.
Por tudo isto, acredito que se fosse vivo, seria muito mais feliz se as suas músicas não passassem hoje tanto nas rádios, nas manifestações, na assembleia da república, ou para "mimar" o governo.

P.S: José Afonso teve vários problemas com a PIDE, sendo mesmo preço no Forte de Caxias entre Abril e Maio de 1973.


Obrigado rol de leituras


Este selinho foi oferecido pela Teresa Dias do blog rol de leituras.
Obrigado Teresa por mais um selinho ;-)

Assim que conseguir também vou atribuir alguns selos.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Pearl S. Buck em Há Sempre um Amanhã

Sobre o silêncio...



     Joan sabia o que era o silêncio. Conhecera o silêncio de uma voz não mais ouvida, depois da morte da mãe, silêncio que se tornava maior com a partida de Rose, e depois de Francis. Conhecera também o silêncio em que vivera com o pai e em que ele morrera, e o silêncio em que Bart a encontrar a ao qual a arrebatara, o silêncio de si mesmo, da sua desolação.

Excerto da página 208

domingo, 20 de janeiro de 2013

Poema, com pintura

Silêncio, 2008 Desenho s/papel 25x20 cm
José Rodrigues

Acabei de ler o livro Exercícios de Delicada Intimidade, com pinturas de José Rodrigues e poemas de Júlio Montenegro.
Silêncio, página 68-69, junta um dos poemas com uma das pinturas que mais gostei.


nada é mais eloquente
e perturbador que o silêncio

e, no entanto,
nenhum outro ruído é tão inquietante
como aquele que sobra das palavras que se não dizem.

Júlio Montenegro


domingo, 6 de janeiro de 2013

Vítimas de Salazar - Irene Pimentel



Aos sessenta e dois anos Irene Flunser Pimentel, é considerada por muitos como a pessoas que  mais conhecimentos tem sobre o regime salazarista em Portugal. Em 2007, viu o seu trabalho ser reconhecido ao vencer o maior galardão para um autor de língua portuguesa, o Prémio Camões.
“Ao erguer, a partir de 1932, o Estado Novo corporativo, autoritário e nacionalista, António de Salazar declarou que estava feita a «revolução legal», mas que faltava realizar a «revolução mental» ” para isso, utilizou meios como a censura, o lápis azul tornou-se numa das marcas do regime, mandou construir prisões politicas, o Campo de Concentração do Tarrafal era a prisão mais temidas pelos presos políticos, apelidado de campo da morte, dificilmente alguém saia da “aldeia farpada” com vida, nos julgamentos “os advogados de defesa passavam para o banco dos réus”, era violada a correspondência e os telefones eram postos sob escuta, com isto Salazar pretendia “por um lado, dar aos portugueses uma única e determinada imagem de um País e de um regime, pretensamente sem conflitos, problemas, miséria e dificuldades, segundo a norma de «o que parece, é», tão do agrado de Salazar... por outro lado, um propósito de despolitização e desmobilização cívica dos portugueses, ao tentar impedir a tomada de conhecimento de alternativas sociais, culturais, políticas e ideológicas ao Estado Novo”.
Abordando estes temas entre outros “Vitimas de Salazar” conta histórias reais de homens e mulheres que não gostando do regime vigente no País foram mortos ou torturados quase até a morte, mas felizmente algumas resistiram e com isso contribuíram para a revolta e o fim do regime.
Um livro histórico, onde nada é romanceado, fatos duros mas reais. Saber da nossa histórica é imperativo, para que certas atrocidades não possam voltar a acontecer!
Um bom livro para quem gosta de história ou para quem quer ficar a conhecer melhor o regime que governou portugal de 1933 até 1974.
              Boa leitura...