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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Valter Hugo Mãe vence Grande Prémio PT de Literatura


    O escritor português Valter Hugo Mãe venceu esta noite a décima edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua portuguesa.
    Valter Hugo Mãe tornou-se o terceiro português a vencer este prémio lusófono. Este foi o primeiro ano em que para além das categorias de poesia, conto e romance se entregava também um “Grande Prémio”. 
    Valter Hugo Mãe venceu esta distinção e também a categoria de Romance, com o livro “A Máquina de Fazer Espanhóis” e junta-se assim a outros nomes como Gonçalo M. Tavares e António Lobo Antunes que já antes venceram o prémio PT de Literatura. 
    As categorias de poesia e conto foram ambas atribuídas a brasileiros. O escritor brasileiro Dalton Trevisan ganhou na categoria de contos com o livro “O anão e a ninfeta”, já a categoria de poesia foi ganha pelo autor brasileiro Nuno Ramos com o livro “Junco”.

Fonte: Radio Renascença

Sugestão de leitura de a maquina de fazer espanhóis de valter hugo mãe:
Mais sugestões e citações de livros de valter hugo mãe:

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pepetela em O Planalto e a Estepe

    

     "Duas irmãs que moravam numa cubata à entrada da cidade recebiam os estudantes. A cubata era no meio dos eucaliptos por trás do liceu, bem camuflada por ravinas e árvores. Os estudantes geralmente iam aos pares. Fomos também formando par, mas aceitaram só a mim e não ao que era da cor delas. Foi o que me disseram da primeira vez. Tu está bem, que é branco, mas ele não. Ele era o filho mais velho do Kanina, o João. (...) Mostrámos o dinheiro (...) Ele não, disse a irmã. O dinheiro é igual, disse o João. Pois, mas a cor não é. (...) mas como recusas um da tua cor? Porque se um branco souber que me deitei com um negro, não vai querer se deitar mais comigo. E os brancos é que têm dinheiro."

Excerto da página 20

Sugestão de leitura de O Planalto e a Estepe de Pepetela:

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

História do Cerco de Lisboa - José Saramago


               
              Se fosse vivo, José Saramago, completaria no próximo dia 16 de Novembro 90 anos. É um autor que não precisa de apresentações mas, para aqueles que não conhecem a grandeza da sua obra, basta relembrar que continua a ser o único autor de língua portuguesa vencedor do Prémio Nobel da Literatura.
                Na leitura deste livro não é só a historia do cerco de Lisboa que passamos a conhecer; também é contada a história da tomada de Santarém, assim como o milagre de Santo António, ou o milagre de Ourique, onde Cristo apareceu a D. Afonso Henriques, e claro a estória de como seria o cerco a Lisboa se os cruzados tivessem dito não ao Rei Português, mas esses factos não são os mais relevantes neste livro.
                “Com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta à palavra, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passa a ser verdade”
                Raimundo Silva, no seu trabalho de revisor, acrescentou um não nesta história, e é esse não que tem mais importância neste livro, pois, na nova história do cerco de lisboa, também os soldados tiveram a coragem de dizer não:
                “Saiba vossa alteza que não, ou me pagam pela tabela dos cruzados, ou não vou mais à guerra”(…)”pensai também que acto de justiça pagar o igual com o igual, e que este país em princípio de vida só começará mal se não começar justo”
                Estas palavras do soldado Mogueime leva-nos a um raciocínio: como seria diferente a história da humanidade se mais pessoas tivessem a coragem de dizer não.
                 A história de amor entre Raimundo e Maria Sara, sua superior hierárquica, também tem bastante destaque ao longo do livro. Mas será que a história de amor de ambos é muito diferente da história de amor entre Mogueime e a prostituta Ouroana?
                “Parece que estamos em guerra, e é guerra de sítio, cada um de nós cerca o outro e é cercado por ele, queremos deitar abaixo os muros do outro e continuar com os nossos, o amor será não haver mais barreiras, o amor é o fim do cerco.”
                A Deus são feitas muitas críticas. Uma pergunta torna-se inevitável, se Deus ajudou tanto os portugueses nesta batalha, como consentiu que as tropas que lutavam em Seu nome fizessem o seguinte ato: “foi toda a população passada à espada homens, mulheres e meninos, sem diferença de idade e terem ou não terem arma na mão”. E qual será a maior e melhor divindade: Deus ou Alá?
                Boa leitura…      

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Gonçalo M. Tavares em Jerusalém

O desemprego é dramático, a história prova esse facto...


Um judeu libertado de Buchenwald descobriu, entre os SS que lhe entregavam os seus documentos à saída do campo, um ex-companheiro de escola, ao qual não dirigiu a palavra, mas que olhou bem nos olhos. Por sua própria iniciativa, aquele que ele olhava desse modo disse-lhe: "Tens de compreender, tenho cinco anos de desemprego atrás de mim; comigo, eles podem fazer tudo aquilo que quiserem."

Excerto da pagina 139.

Mais sugestões e citações de livros de Gonçalo M. Tavares:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/search/label/Gon%C3%A7alo%20M.%20Tavares


domingo, 4 de novembro de 2012

O Teu Rosto Será o Último - João Ricardo Pedro


         

         João Ricardo Pedro nasceu em 1973 na Reboleira, Amadora. Licenciado em engenharia eletrotécnica, ficou em 2009 sem emprego após uma década a trabalhar numa empresa de telecomunicações. O ditado popular afirma: “a ocasião faz o ladrão”, neste caso o tempo disponível levou o autor a escrever “O Teu Rosto Será o Último”, romance de estreia que lhe valeu o Prémio Leya 2011, galardão que tem como recompensa o valor de 100.000€ e garante a venda de muitos livros.
                 “«Pai, quem é que foi o Salazar?» O pai respondeu sem hesitações: «Foi um defesa esquerdo do Belenenses.» (…) «Não, pai, o Salazar mau, aquele mesmo muita mau de que às vezes falam na televisão.» O pai pousou os óculos sobre o jornal, olhou o teto, olhou o filho e disse: «Foi o cabrão que matou o teu avô, o pai da tua mãe.»”
                O romance começa com a revolução de 1974 como pano de fundo. Ao longo das páginas, as histórias de avó, pai e neto vão sendo contadas em episódios aparentemente autónomos. Sempre com muita música pelo meio, somos levados ao tempo em que o doutor Augusto Mendes, após comprar uma casa numa aldeia, é recebido com muita alegria.
                “Quando chegaram as coisas para o consultório, a alegria das pessoas. Já temos médico. Já temos doutor. Faziam fila para me darem batatas e coelhos e queijos de cabra.”
                O entusiasmo com a passagem da volta a Portugal em bicicleta contrastava com os horrores da guerra colonial. António, filho do doutor Augusto, espelha o desespero e os traumas que a guerra deixou na nação. A madrinha de guerra de António acabou por ser sua esposa. Duarte, o pianista promissor, é filho de ambos.
                “Ele escrevia cartas. Cartas lindas. Talvez te seja difícil imaginar o teu pai a escrever cartas, muito menos cartas lindas, mas é verdade.”
                Sendo um livro que reflete a realidade popular das épocas retratadas, o futebol tinha que ser tema obrigatório. Outros temas também são abordados como a União Soviética, o incidente na praça de Tiananmen ou a pobreza vivida no tempo do Estado Novo.
                Com uma escrita simples e muito acessível, é sem dúvida um excelente trabalho para um romance de estreia.
                Boa leitura…