Longe vai o tempo em que Gonçalo Cadilhe se fazia á estrada com um objectivo claro: chegar. O tempo que passava em cada sítio nunca podia ser muito, pois precisava de “coleccionar novos sítios” para depois “vender” o que ai tinha visto as mais diversas revistas.
Em 1 km de Cada Vez, encontra uma nova forma de viajar, “ao passo de caracol”, nome que chegou a pensar para este livro. Agora o tempo que está nos locais serve para neles reflectir sobre as suas histórias, ou ainda sobre os costumes e modos de vida das populações, tudo isto, sem a pressa de outros tempos. Ao longo do livro somos convidados a visitar vários locais do nosso planeta, como por exemplo, Khayletitsha, situada na África do Sul, é a maior favela do mundo e aí constata que, muitos anos depois do fim do apartheid, são apenas os negros que habitam aquela favela; numa viagem de autocarro entre Safi e Tanger fala sobre os filmes de Hollywood e afirma que são irreais; vai a Galápagos homenagear Darwin e fala sobre a Bíblia; no parque natural de Etosho chega a conclusão que os resorts são vedados á realidade que os rodeia.
São quinze meses de viagem em que Cadilhe passou pelos mais fabulosos e longínquos recantos do planeta como o Sudoeste Asiático, a América Central, a Polinésia, as Caraíbas, a Oceânia e ainda por vários sítios de África, mas ele não é um turista como a maioria, pois a realidade que retrata é sempre a realidade das populações que habitam os mais diversos locais e essa é uma realidade bem diferente daquela que os turistas estão habituados a ver.
Boa leitura…
muito bom este livro adoro
ResponderEliminarDe todos os livros que li de Gonçalo Cadilhe o que mais gostei foi África a Cima, a razão é simples: poucos são aqueles que pensaram um dia atravessar África pelos meios de transporte que utilizam os naturais das terras. Ele não só pensou como fez a proeza.
ResponderEliminarOs livros mais recentes, incluindo este, são livros onde se nota que o objetivo não é chegar a um sítio, conhecer o desconhecido. Assim, descobrimos um novo Gonçalo Cadilhe, com o mesmo gosto pela viagem, mas muito mais filosófico que anteriormente. Se África Acima tivesse tantas reflexões como estes últimos livros, certamente não seria um livro recomendado para o terceiro ciclo, mas sim para o secundário.