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segunda-feira, 21 de maio de 2012

1Q84 Vol.1 - Haruki Murakami



Haruki Murakami é um dos escritores mais consensuais da atualidade. É raro o leitor, independentemente do seu gosto literário, – romance, policial, fantástico, etc. – que não goste dos seus livros. O seu nome tem sido apontado como um dos principais candidatos a receber o Prémio Nobel da Literatura.
“O ano de 1984, como eu o conhecia, já não existe. Estamos em 1Q84.”
Murakami é mestre em criar ambientes surreais. 1Q84 não é exceção. Mas é através desses cenários que aborda temas relacionados com a sociedade contemporânea. Quanto a mim, o autor nipónico é um dos escritores que melhor questiona o mundo atual.
O enredo é muito bem construído, mas o rumo da estória evolui de acordo com os temas que pretende questionar. Aomame é uma mulher com trinta anos, sem família, junta-se a uma velha senhora que é detentora de uma grande fortuna, a jovem faz justiça com as próprias mãos e mata vários homens que praticam atos violentos contra as mulheres. Tengo é um jovem professor e aspirante a escritor, a mando do seu editor reescreve A Crisálida de Ar, livro escrito por Fuka-Eri, conta a história do Povo Pequeno. O livro ganha um importante prémio para jovens escritores e Tengo tem de manter o segredo de que foi ele quem rescreveu a obra.
Neste enredo o autor questiona temas como a dislexia; a importância das amizades; o livre-arbítrio que cada um de nós tem; as vidas-duplas; as relações sexuais; a homossexualidade; a pedofilia; mas é sobretudo o fanatismo religioso, assim como a violência masculina sobre as mulheres que têm mais destaque neste livro.
Como qualquer livro de Murakami as referência musicais não poderiam faltar, a sinfonietta Janácêk tem particular destaque. As referências ao mundo consumista, nomeadamente através das marcar mundialmente conhecidas, (ex; Ray-Ban, Esso, Saab) está presente ao longo de todo o livro.
“ Um homem que tem prazer em violar raparigas pré-púberes, um guarda-costas homossexual bem constituído, pessoas que escolheram a morte em vez de uma transfusão de sangue, uma mulher que se suicida com comprimidos para dormir quando está grávida de seis meses, uma mulher que liquida homens problemáticos espetando-lhes uma agulha na parte de trás do pescoço, homens que odeiam as mulheres, mulheres que odeiam os homens”…um mundo com duas luas, o Povo Pequeno…transformam 1Q84 num excelente livro.
Boa leitura…

domingo, 13 de maio de 2012

Paul Auster em Invisível


"É demasiado triste para ser bela. Uma pessoa assim tão triste nunca pode ser bela."
Excerto da página 96

Sugestão de leitura de Invisível de Paul Auster:
http://sugestaodeleitura.blogspot.pt/search/label/Paul%20Auster

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Comissão das Lágrimas - António Lobo Antunes




António Lobo Antunes é um dos escritores portugueses mais premiados. Entre os vários prémios que conquistou, destacam-se o Prémio para Melhor Livro Estrangeiro publicado em França, 1997; o Prémio Jerusalém, 2005; e o Prémio Camões, 2007. Não deixa de ser curioso que só após a atribuição de dois dos prémios mais importantes a nível mundial tenha-lhe sida atribuído o mais importante prémio para escritores de língua portuguesa. Em Comissão das Lágrimas volta ao tema da guerra colonial.
Vive-se o período da pós-independência, as tropas portuguesas ainda estão em Angola, mas um grande sentimento de vingança está presente dos dois lados. Cristina saiu de África aos cinco anos, agora internada numa clinica psiquiátrica recorda esses tempos trágicos.
“Porque em Angola é assim, tudo ao contrário do que se imagina”.
O racismo; a incerteza no futuro; o medo; a responsabilidade de ambos os lados; o sentimento de culpa e de perdão ou a crueldade humana são temas abordados ao longo do livro.
“Um dia destes Deus vai saber de certeza.”
Lobo Antunes não esconde a realidade, como uma escrita poética e ao ritmo do pensamento humano vai descrevendo esse período histórico em que milhares de pessoas abandonaram o país deixando tudo o que tinham, quem ficou testemunhou a destruição, muitos foram assassinados, outras ainda continuaram a praticar atos racistas.
“…o pai da Cristina a recordar o cubículo para onde se atirava as granadas, contando os segundos antes da explosão, um dois três quatro cinco, que calava os gemidos e as rezas, calava o silêncio também,…depois das granadas desaferrolhava-se o cubículo e nem sequer muito sangue, ossos ao léu rompendo a pele e a carne”
Um livro duro, de palavras difíceis, onde a morte não tem importância e o silêncio é aterrador.
Com este livro António Lobo Antunes da mais razão as vozes que reclamam para si o Prémio Nobel da Literatura.
Boa Leitura…

terça-feira, 1 de maio de 2012

Lucy Eyre em O Dia em que Sócrates Vestiu Jeans



"Era, com certeza, preferível uma pessoa ter consciência da sua falta de conhecimento e aprender, a viver ignorante até da dimensão da sua própria ignorância."
Excerto página 36

"É um erro pensar que a felicidade é qualquer coisa que merecemos e não temos. Muitas coisas boas são apenas a ausência de coisas más... saúde, segurança e liberdade são bons exemplos... e nós não somos bons a apreciar o que falta. Felicidade é o estado em que não desejamos que qualquer coisa fosse diferente. Portanto, se aceitarmos as coisas como elas são, podemos permitir a nós mesmos ser felizes."
Excerto página 152