Natural de umas das mais bonitas cidades do mundo, o Rio de Janeiro, Chico Buarque é músico, dramaturgo e escritor. Foi através da música que Chico saltou para as luzes da ribalta, o seu primeiro disco, editado em 1966, foi um enorme êxito. Em 1974 estreou-se no mundo da literatura com “Fazenda Modelo”, no entanto, só em 1994 é que publicou o seu primeiro romance intitulado “Estorvo”.
Em “Leite Derramado”, uma pessoa com bastante idade e de apelido Assumpção, está numa cama do hospital. Começa assim um monólogo que por vezes é dirigido a filha, outras vezes às enfermeiras e outras a quem o quiser ouvir. Nesses monólogos, que não estão organizados por ordem cronológica, Assumpção conta a história da sua família, recuando até “mil oitocentos e lá vai fumaça”, altura em que o seu avô era “um figurão do império”, também nos dá a conhecer o seu pai “ um republicano de primeira hora, íntimo de presidentes” fala-nos de si e da sua esposa, mas, também de Matilde, sua filha, que por, falta de dinheiro, até o jazigo dos Assumpção vendeu, ainda fala do neto que tanto gostava e que “um dia virou comunista”, contudo, ainda viveu tempo suficiente para conhecer o seu bisneto que viria a morrer todo nu dentro de um motel.
Tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos 200 anos, o autor mostra-nos não só a decadência dos Assumpção, como o diferente tratamento que receberam os diversos membros da família, por pertencerem a classes sociais diferentes. Este novo romance dá mais força às vozes que reclamam para Chico o Prémio Camões.
Boa leitura…