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quarta-feira, 28 de março de 2012

Sobre A Caixa Negra de Amos Oz


Nos últimos anos,  quando aparecem as listas dos possíveis vencedores do Prémio Nobel, o nome de Amos Oz tem estado em lugar de destaque.
Apenas tinha lido um livro seu, Contra o Fanatismo. A obra não tem mais de cinquenta-sessenta páginas e contem discursos do autor. Não era um romance, apenas discursos, mas concordei com o ponto de vista do Israelita.
Em A Caixa Negra, a sinopse diz que o livro é a caixa negra de uma relação amora desfeita. Deve ser mais fácil vender o livro dizendo isso, mas o que Amos Oz fala nesta obra e essencialmente do fanatismo nos seus diversos modos. Vou a meio do livro, por este andar será um dos melhores livros que li até hoje.

quinta-feira, 22 de março de 2012

segunda-feira, 19 de março de 2012

O Último Homem na Torre - Aravind Adiga


Com o seu primeiro romance, O Tigre Branco, Aravind Adiga conseguiu o notável feito de conquistar o Man Booker Prize de 2008. Em O Último Homem na Torre continua a falar sobre o seu país.
Em Bombaim, o construtor Dlarmen Shah, decide construir um edifício luxuoso num bairro antigo da cidade. A escolha recai sobre os terrenos onde está instalada a Cooporativa de Habitação Vishram que é constituída pelas Torres A e B. Nesses edifícios vivem as pessoas da chamada classe média indiana. O edifício não tem um fornecimento constante de água corrente, está situado perto dos bairros de lata, numa zona onde o barulho derivado ao tráfego aéreo é intenso, além disso, encontra-se bastante degradado, contudo estes indianos são considerados privilegiados pois a maioria da população vive em bairros-de-lata.
“«Um homem  é como um cabra amarrada a um poste»,(…) todos nós temos uma certa dose de livre-arbítrio, mas não muita.”
Dlarmen Shah faz uma proposta irrecusável, 190.000 rupias por m2, quando o valor na zona está situado entre 80.000 e 120.000 rupias por m2. “A Índia é uma república. Se um homem quer continuar a morar na sua casa, é livre de o fazer.” Será esta afirmação verdadeira?
Adiga fala-nos da corrupção e do porquê dos construtores terem tanto poder (“um politico famoso telefonara para os escritórios do Cofidence Group e debitara um número, uma quantia de dinheiro que teria de ser transportada nessa noite para a sua sede de campanha.”); mas é sobretudo as relações humanas que são questionadas neste romance, temas como hipocrisia; a inveja; a traição; as desilusões; a humilhação; a solidão; a fé e claro a poder que o dinheiro tem nessas relações estão presentes ao longo de todo o livro. Também são impressionantes as descrições que faz de Bombaim, sem nunca ter-mos visitado a cidade, ficamos com a impressão que passa-mos a conhecer parte dela.
Não tão bom como O Tigre Branco é no entanto um livro de elevada qualidade.
Boa leitura…

quarta-feira, 14 de março de 2012

Mario Vargas Llosa em A Tia Julia e o Escrevedor



Sobre as bruxas ou os médium...


O escriturário fez-nos sentar à volta da mesa (não redonda mas sim quadrangular), apagou a luz, ordenou que déssemos as mãos (...) Eu pedi ao escriturário que chamasse o meu irmão Juan, e, surpreendentemente (porque nunca tive irmãos), veio e mando-me dizer, pela benigna voz do médium que não devia preocupar-me com ele pois estava com Deus e que rezava sempre por mim.

Mais citações e sugestões sobre A Tia Julia e o Escrevedor de Mario Vargas Llosa:
http://sugestaodeleitura.blogspot.com/search/label/Mario%20Vargas%20Llossa

terça-feira, 13 de março de 2012

José Saramago - Cadernos de Lanzarote Diário II



Cadernos de Lanzarote, Diário II, foi escrito há 18 anos. Todos os dias José Saramago escrevia nesse seu caderno. A pergunta que se coloca é inevitável: Será proveitoso ler um diário escrito no ano de 1994? Infelizmente o mundo não mudou tanto assim deste então, razão pela qual este diário ainda é bastante atual.
Muitos amigos de Saramago são mencionados: Jorge Amado; Siza Viera; José Rodrigues Migueis; Eduardo Lourenço; Mário Soares, mas também fala de pessoas que não gosta como Cavaco Silva; Mario Vargas Llossa; ou António Lobo Antunes.
O Nobel que chegaria em 1998 já era tema de algumas crónicas. Deus, também ocupou várias páginas. Com uma humildade extrema, revela que muitas vezes teve na fila da sopa dos pobres, também dá a conhecer que estava previsto ser preso pela PIDE a 29 de Abril de 1974.
Sobre os seus livros garante que o Memorial do Convento “já está na História de Portugal”. Também publica um excerto de uma crítica ao Memorial, onde Ângela Caires afirma: “Para não falar do flop total de outra tentativa, Memorial do Convento, de que seguramente ninguém guarda memória.” O Evangelho também é abordado, e nesse ano escrevia o Ensaio Sobre a Cegueira.
O seu ceticismo perante as atitudes dos seres humanos é bem patente ao longo de todo o diário, entre outras coisas, fala sobre o holocausto e do medo que possa um dia voltar, critica a política de Fidel Castro além de manifestar apoio ao regime. Sobre a europa prevê que um dia será comandada pela Alemanha, relativamente a Portugal, afirma que os nossos maiores inimigos somos nós mesmos.
 O reconhecimento pelo seu trabalho chegava dos mais diversos recantos do mundo, o que o levou a afirmar que razão tinha quem dizia que ninguém é profeta na sua terra.
Muitas mais coisas são abordadas neste diário, o melhor é mesmo lê-lo, eu já comecei a ler outro, o diário I.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Muito Obrigado Teresa...



Uau! Ganhei um prémio da Teresa Dias, do blog rol de leituras

"O Prémio Dardos reconhece os valores que cada blogueiro mostra em cada dia no seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais... que, em suma, demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras, entre as suas palavras."


Muito obrigado Teresa...

sexta-feira, 2 de março de 2012

Gunter Grass em A Caixa


"Em todo o caso, e na verdade por eu ter dito que, se o pai tivesse de sair, eu saía também, a casa acabou por ser simplesmente dividida. Ele ficou com a parte mais pequena, para a esquerda das escadas, mantendo a sua toca la em cima. Além disso, mais uma divisão, para servir de cozinha, e por baixo o quarto com casa de banho que antes fora o quarto dos pais, mais abaixo o seu escritório, onde ficava sentado a sua secretária, que lhe dactilografava as cartas. Foi decerto a melhor solução. Mas as minhas amigas até fizeram troça: « Mas isso é brutal! É como o Muro de Berlim, a passar mesmo através  da casa. Só falta o arame farpado.»"

Sugestão de leitura de A Caixa de Gunter Grass: