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domingo, 17 de junho de 2012

Némesis - Philip Roth



Philip Roth é um dos autores americanos mais premiados da atualidade. Recentemente foi-lhe atribuído o Prémio Príncipe das Astúrias. Em 2011 ganhou o Man Booker International Prize, o mais prestigiante prémio para escritores de língua inglesa. Némesis é o seu trigésimo primeiro livro.
Decorria o ano de 1944, milhares de soldados americanos combatiam na Europa. Bucky Cantor é dado como inapto para o serviço militar por causa de um problema de visão. O sonho de combater na Europa é-lhe negado, sendo um dos poucos da sua geração a ficar em Newark. Passa a ser monitor de um recinto de jogos, mas um surto de pálio toma conta da cidade. As notícias sobre a guerra ficam para segundo plano, agora toda a gente fala na doença.
“Comeu aqui um cachorro quente, foi para casa, apanhou a pólio e morreu, e agora toda a gente tem medo de cá entrar.”
O medo é paralisante, com ele surgem os boatos e o ser humano revela os seus piores preconceitos como o racismo ou o antissemitismo. (“Mas então os italianos? De certeza que foi os italianos!”).
Cantor é devastado por sentimentos como a culpa, o medo, o pânico, a revolta, a incredulidade, o sofrimento ou a dor. Não devia estar a combater na guerra? Deverá abandonar a cidade, deixando a sua avó sozinha para ir ter com a sua namorada a Indian Hill onde o vírus não existe? Abandonaria os rapazes da cidade, logo agora que ele era mais preciso? Será que podia ter evitado a epidemia?
Deus também é tema ao longo de todo o livro, se para uns é o refúgio que os pode salvar da desgraça, para outros é o culpado pela propagação do vírus da pólio assim como da guerra na Europa. No final do livro o autor deixa em aberto uma reflexão: Será que se não acreditarmos em Deus podemos responsabiliza-lo pelas desgraças no mundo?
Também já no fim do livro lembra os avanços da medicina. Felizmente hoje já existe vacina contra a pólio, contudo os sentimentos humanos, assim como os preconceitos parecem ser hoje os mesmos que eram no final da 2ª Grande Guerra.
Boa leitura…

6 comentários:

  1. Excelente sugestão de leitura. Espero que seus leitores possam se encantar com a força dessa história, assim como eu me encantei.

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    1. Olá deise,

      Roth é sem dúvida um grande escritor, acho que já merecia o Nobel.
      Este foi o melhor livro que li dele.

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  2. A Mancha Humana também é um livro extraordinário.

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    1. Olá Carla,

      Sabe, tenho um amigo - tem sensivelmente 60 anos - que detesta as pessoas negras. Diz sempre que cada negro deve ser cortado em dois.
      Foi ao ler A Mancha Humana que me apercebi do porquê…
      Os americanos que tiveram na guerra do Vietnam não podem ver pessoas com "olhos em bico". Foi-lhes ensinado que todos deveriam ser mortos, para eles era matar ou morrer, daí o ódio.
      Agora em tempos de paz não os percebemos, dizemos que são racistas, o que é verdade, mas a culpa não foi deles, foi de todos aqueles que os mandaram para a guerra e lhes deram essas ordens. Mas aqueles que os mandaram para a guerra não ficaram com traumas e são os mesmos que hoje dizem que essas pessoas não evoluíram no tempo.
      Nunca ouvi um português dizer: cada Vietnamita deve ser cortado em dois, porque será?

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    2. Sinceramente Tiago, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra... Existe preconceito racial nos EUA também, aliás, lá talvez esteja o maior foco de racismo existente em todo o mundo. A cultura dos povos, propagada ao longo de séculos é que leva ao racismo!!! Pode ter certeza que os americanos já esqueceram dos vietnamitas a muito tempo, mas os brancos americanos não se esquecem dos negros americanos e vice-versa!!! Isso é cultural, e infelizmente se propaga ao longo dos séculos!!!

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