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terça-feira, 13 de março de 2012

José Saramago - Cadernos de Lanzarote Diário II



Cadernos de Lanzarote, Diário II, foi escrito há 18 anos. Todos os dias José Saramago escrevia nesse seu caderno. A pergunta que se coloca é inevitável: Será proveitoso ler um diário escrito no ano de 1994? Infelizmente o mundo não mudou tanto assim deste então, razão pela qual este diário ainda é bastante atual.
Muitos amigos de Saramago são mencionados: Jorge Amado; Siza Viera; José Rodrigues Migueis; Eduardo Lourenço; Mário Soares, mas também fala de pessoas que não gosta como Cavaco Silva; Mario Vargas Llossa; ou António Lobo Antunes.
O Nobel que chegaria em 1998 já era tema de algumas crónicas. Deus, também ocupou várias páginas. Com uma humildade extrema, revela que muitas vezes teve na fila da sopa dos pobres, também dá a conhecer que estava previsto ser preso pela PIDE a 29 de Abril de 1974.
Sobre os seus livros garante que o Memorial do Convento “já está na História de Portugal”. Também publica um excerto de uma crítica ao Memorial, onde Ângela Caires afirma: “Para não falar do flop total de outra tentativa, Memorial do Convento, de que seguramente ninguém guarda memória.” O Evangelho também é abordado, e nesse ano escrevia o Ensaio Sobre a Cegueira.
O seu ceticismo perante as atitudes dos seres humanos é bem patente ao longo de todo o diário, entre outras coisas, fala sobre o holocausto e do medo que possa um dia voltar, critica a política de Fidel Castro além de manifestar apoio ao regime. Sobre a europa prevê que um dia será comandada pela Alemanha, relativamente a Portugal, afirma que os nossos maiores inimigos somos nós mesmos.
 O reconhecimento pelo seu trabalho chegava dos mais diversos recantos do mundo, o que o levou a afirmar que razão tinha quem dizia que ninguém é profeta na sua terra.
Muitas mais coisas são abordadas neste diário, o melhor é mesmo lê-lo, eu já comecei a ler outro, o diário I.

11 comentários:

  1. Olá Tiago,
    Você gosta mesmo de Saramago.
    Concordo consigo, os seus textos estão actuais e devem ser lidos.
    Relativamente à previsão de que um dia a Alemanha comandará a Europa (acho que já chegou) e de que nós somos os nossos maiores inimigos (todos os dias confirmo isso mesmo). Grande Saramago!
    (Tiago, atenção ao à e ao há nos seus posts. Não estou a criticar, estou simplesmente a alertar. Não leve a mal.)
    Continue com as boas leituras.

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  2. Olá Teresa,

    Na escola nunca foi um aluno brilhante, a minha média andava nos quinze valores. Havia duas disciplinas que tinha mais dificuldades.
    Uma era o Inglês, para ter dez no final do período contava com a ajuda dos professores, fingiam não ver as minhas cábulas e dessa forma eu "lá ia passando". Se a avaliação fosse justa não passava dos dois ou três valores.
    A outra era o Português, nunca tive negativa, mas também não passava dos doze valores, isto nos testes.
    Se hoje lei e escrevo é na tentativa de melhorar essa minha lacuna, como Samuel Johnson disse um dia "É a escrever mal que se aprende a escrever bem".
    Agradeço a correção que me fez, pois só assim poderei melhorar.

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    1. Lindo, Tiago.
      A minha resposta é um abraço amigo e muita consideração.

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  3. Oi Tiago, demorei a comprar "O Memorial" pois não achava nas livrarias. Quero sim trocar opiniões, pois adoro conversar sobre livros (na verdade prefiro falar, mas por ser tão difícil achar pessoas perto de mim para trocar ideias que acabei procurando os blogs.)
    um abraço
    Gisela - Ler para Divertir

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  4. Olá Gisela,

    Sim, os blogs têm essa vantagem. Hoje em dia é fácil encontrar alguém que lê-o o mesmo livro e trocar opiniões sobre eles. Também prefiro a conversa cara-a-cara, mas não é fácil encontrar quem os tenha lido e trocar opiniões pessoalmente. Conheço muitas pessoas que gostam de ler, mas cada um tem o seu estilo literário.
    Sugiro que durante a leitura trocamos os nossos pontos de vista, julgo dessa forma ficarmos a ganhar os dois.

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  5. Tiago, iniciei a leitura, mas estou ainda no começo, mas "já deu para sentir um gostinho". Só por ser ambientado no século XVIII já me encantou (adoro livro de época). Geralmente minha leitura avança mesmo é nos fins de semana (no último estava terminando de ler Os Três Mosqueteiros, que por sinal gostei muito também).
    Gisela

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    1. Olá Gisela,

      Continuação de boas leituras, se quiser vá trocando opiniões, terei imenso gosto.

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  6. Tiago
    Acabei de ler memorial do convento, li bem devagar pois é o tipo de leitura que não dá para ler sem prestar atenção em todas as palavras. Agora o final do livro foi surpreendente, não espera aquele desfecho (não vou dizer que gostei pois sofri junto com o sofrimento da Blimunda), mas fiquei sem saber se entendi realmente o que o Autor quis passar, não sei se você vai lembrar, mas Baltasar nos 9 anos que se separou da Blimunda ele estava preso por ter sido pego voando? O Autor não deixou isso claro, mas foi o que entendi.
    um abraço
    Gisela

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  7. Olá Gisela,

    Quando afirma: “são livros que falam muito mais do que conseguimos entender numa primeira leitura” concordo plenamente, aliás, o livro é tão rico que numa quarto ou quinta leitura descobríamos coisas novas. Eu também só o li uma vez.
    Além da história de sete-sóis sete luas ser magnífica, o que é mais surpreendente é a atualidade do romance. Numa entrevista que Saramago deu ai no Brasil, afirmou: “Dizem que o Memorial do Convento é um romance histórico, mas aonde é que começa a história?”
    A título de exemplo, tal como na época quem prometeu que construía a convento foi o rei, mas quem pagou com o suor foi o povo. Hoje acontece o mesmo, por exemplo, Portugal organizou o Europeu de Futebol de 2004 (atenção sou adepto do futebol, aliás foi ver ao vivo o Mundial de 2006, na Alemanha e o Euro 2008, na Suíça). Hoje já não há rei, mas os políticos assim o quiseram, mandaram construir estádios para o evento, hoje os estádios estão vazios, fala-se já na demolição de alguns, o país está a beira da banca rota (é obvio que não foi só por isso, este exemplo é um pingo de agua no oceano), mas quem pagou a fatura: os impostos dos contribuintes.
    Relativamente há sua pergunta, não me lembro da prisão de Baltasar, lembro-me de que a passarola para voar precisava de vontades, quantas coisas deixam de voar por falta de vontades e não deixa de ser normal que quem voa seja preso, pois incomoda muita gente.

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  8. Tiago, adorei sua resposta. Quanto a prisão de Baltasar, ela não é comentada no livro. Foi o que eu deduzi, já que ele sumiu por 9 anos e quando apareceu ia ser queimado pela inquisição.
    Você retirou a lista dos seus 10 melhores livros do blog? Queria escolher outro livro dela.
    um abraço
    Gisela

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    1. Olá Gisela,

      Sim, tirei a lista dos 10 melhores livros, mas criei o separador "os melhores livros que li. Dessa lista sei que já leu Os Capitães da Areia.
      Aconselho que lei O Principezinho, ai o Brasil o titulo é O Pequeno Príncipe, irei publicar amanha a minha opinião sobre esse livro. Se já leu o livro, aconselho O Banqueiro Anarquista de Pessoa, é um livro, tal como o Memorial do Convento atualíssimo.

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