Com o seu primeiro romance, O Tigre Branco, Aravind Adiga conseguiu o notável feito de conquistar o Man Booker Prize de 2008. Em O Último Homem na Torre continua a falar sobre o seu país.
Em Bombaim, o construtor Dlarmen Shah, decide construir um edifício luxuoso num bairro antigo da cidade. A escolha recai sobre os terrenos onde está instalada a Cooporativa de Habitação Vishram que é constituída pelas Torres A e B. Nesses edifícios vivem as pessoas da chamada classe média indiana. O edifício não tem um fornecimento constante de água corrente, está situado perto dos bairros de lata, numa zona onde o barulho derivado ao tráfego aéreo é intenso, além disso, encontra-se bastante degradado, contudo estes indianos são considerados privilegiados pois a maioria da população vive em bairros-de-lata.
“«Um homem é como um cabra amarrada a um poste»,(…) todos nós temos uma certa dose de livre-arbítrio, mas não muita.”
Dlarmen Shah faz uma proposta irrecusável, 190.000 rupias por m2, quando o valor na zona está situado entre 80.000 e 120.000 rupias por m2. “A Índia é uma república. Se um homem quer continuar a morar na sua casa, é livre de o fazer.” Será esta afirmação verdadeira?
Adiga fala-nos da corrupção e do porquê dos construtores terem tanto poder (“um politico famoso telefonara para os escritórios do Cofidence Group e debitara um número, uma quantia de dinheiro que teria de ser transportada nessa noite para a sua sede de campanha.”); mas é sobretudo as relações humanas que são questionadas neste romance, temas como hipocrisia; a inveja; a traição; as desilusões; a humilhação; a solidão; a fé e claro a poder que o dinheiro tem nessas relações estão presentes ao longo de todo o livro. Também são impressionantes as descrições que faz de Bombaim, sem nunca ter-mos visitado a cidade, ficamos com a impressão que passa-mos a conhecer parte dela.
Não tão bom como O Tigre Branco é no entanto um livro de elevada qualidade.
Boa leitura…
Olá Tiago,
ResponderEliminarConcordo consigo, não sendo tão bom quanto "O tigre branco" é um excelente retrato sociológico da maior democracia do mundo.
Mumbai, que conheci em 2010, é uma cidade de enormes e chocantes contrastes, muito bem descritos neste livro. Ali o rico é MUITO RICO e o pobre MUITISSIMO POBRE. Arrepia!
Olá Teresa,
ResponderEliminarNunca tive na Índia, com muita pena minha ;-), mas Adiga tem um dom de descrever tão bem a cidade que parece que ficamos a conhece-la.
É verdade que podemos questionar se nós, os portugueses, vivemos numa verdadeira democracia, no entanto, comparado com este país asiático somos uns privilegiados.