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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

História do Cerco de Lisboa - José Saramago


               
              Se fosse vivo, José Saramago, completaria no próximo dia 16 de Novembro 90 anos. É um autor que não precisa de apresentações mas, para aqueles que não conhecem a grandeza da sua obra, basta relembrar que continua a ser o único autor de língua portuguesa vencedor do Prémio Nobel da Literatura.
                Na leitura deste livro não é só a historia do cerco de Lisboa que passamos a conhecer; também é contada a história da tomada de Santarém, assim como o milagre de Santo António, ou o milagre de Ourique, onde Cristo apareceu a D. Afonso Henriques, e claro a estória de como seria o cerco a Lisboa se os cruzados tivessem dito não ao Rei Português, mas esses factos não são os mais relevantes neste livro.
                “Com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta à palavra, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passa a ser verdade”
                Raimundo Silva, no seu trabalho de revisor, acrescentou um não nesta história, e é esse não que tem mais importância neste livro, pois, na nova história do cerco de lisboa, também os soldados tiveram a coragem de dizer não:
                “Saiba vossa alteza que não, ou me pagam pela tabela dos cruzados, ou não vou mais à guerra”(…)”pensai também que acto de justiça pagar o igual com o igual, e que este país em princípio de vida só começará mal se não começar justo”
                Estas palavras do soldado Mogueime leva-nos a um raciocínio: como seria diferente a história da humanidade se mais pessoas tivessem a coragem de dizer não.
                 A história de amor entre Raimundo e Maria Sara, sua superior hierárquica, também tem bastante destaque ao longo do livro. Mas será que a história de amor de ambos é muito diferente da história de amor entre Mogueime e a prostituta Ouroana?
                “Parece que estamos em guerra, e é guerra de sítio, cada um de nós cerca o outro e é cercado por ele, queremos deitar abaixo os muros do outro e continuar com os nossos, o amor será não haver mais barreiras, o amor é o fim do cerco.”
                A Deus são feitas muitas críticas. Uma pergunta torna-se inevitável, se Deus ajudou tanto os portugueses nesta batalha, como consentiu que as tropas que lutavam em Seu nome fizessem o seguinte ato: “foi toda a população passada à espada homens, mulheres e meninos, sem diferença de idade e terem ou não terem arma na mão”. E qual será a maior e melhor divindade: Deus ou Alá?
                Boa leitura…      

9 comentários:

  1. Olá Tiago,
    Gostei do seu comentário.
    É sempre um deleite ler o nosso Nobel. Eu, nunca digo NÃO a ler ou reler Saramago.
    Acabei agora "O ano da morte de Ricardo Reis". Quer sugerir-me o seguinte?
    Boas leituras.

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    1. Olá Teresa,

      Ainda não li O Ano da Morte de Ricardo Reis, mas já está na estante à espera.
      Tive a ler as suas opiniões sobre os livros de Saramago.
      É curioso, considero o Ensaio Sobre a Lucidez o segundo melhor livro de Saramago, aí temos opiniões diferentes, mas no que diz respeito ao Memorial Do Convento estamos de acordo.
      Não sei se leu Caim, é um livro que aconselho, o homem é bastante criticado durante toda a obra.
      Continuação de boas leituras

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    2. Olá Tiago,
      Comecei a ler "Caim" logo após o seu lançamento. Fiquei pela página 86...
      Atendendo ao seu conselho, vou voltar a pegar-lhe e lê-lo até ao fim.
      Está decidido, "Caim" será a minha próxima leitura. Lá para Janeiro...
      Bom fim-de-semana.

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    3. Olá Teresa,

      Ao ler Caim parta de um prossuposto: Deus não existe, mas existem pessoas que aproveitam o nome de Deus para cometer as maiores atrocidades que o ser humano é capaz de fazer. Em Caim quando ver Saramago criticar Deus, pense num episódio da história recente e vai ver que encontra historias parecidas, historias em que o ser humano foi cruel, dai ele defender que a bíblia só pode ter sido escrita por homens, nenhum Deus seria tão cruel para permitir que em seu nome tanta gente fosse sacrificada.
      Saramago chegou a dizer que o motivou a escrever Caim, foi as atrocidades que estavam a ser cometidas na Faixa de Gaza. Vai ver que em Caim encontra muitos exemplos desse confronto.

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  2. Gosto muito de Saramago, tenho um enorme respeito pelo trabalho que deixou. É um autor inigualável! Ainda não li esta obra mas pelo que disseste neste texto vou ter que ler. Vou aproveitar os descontos que o Continente está a dar nas obras deste génio para completar a minha biblioteca.

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    1. Olá Miguel,

      Confesso que a certa altura do livro comecei a sentir que espera mais, mas Saramago tem esse poder, tudo tem um sentido e no fim ficamos encantados.

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  3. Ainda não tive oportunidade de ler esta obra de Saramago, provavelmente será o próximo. :)

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  4. Olá tonsdeazul,

    É sem dúvida uma boa leitura.
    Não referi na sugestão que fiz da obra - por esquecimento - mas Saramago defende que o amor entre duas pessoas para ser verdadeiro só é possível com o fim dos CERCOS que cada um tenta montar. Assim, o amor só se conquista com o fim dos "MUROS" que existam na relação. Infelizmente muitas relações parecem cristãos a lutar contra mouros, como nesta história, em que cada um tenta impor a sua vontade ao parceiro. Só por esta conclusão já valeria ler a obra, mas este livro tem muito mais para nos oferecer.

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