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domingo, 8 de janeiro de 2012

O filho de mil homens - Valter Hugo Mãe


Era uma vez um pescador a quem os amores não correram bem De nome Crisóstomo, vivia sozinho apesar de estar na casa dos quarenta anos, apenas sentia ser metade porque não tinha filhos.
Era uma vez Camilo, que podia ser filho de 15 homens, a sua mãe, uma anã, morreu no parto. Após a morte do avô, vê-se sozinho com apenas 14 anos.
Camilo é obrigado a fazer-se à vida e embarca numa traineira, é aí que conhece Crisóstomo. A partir daí o pescador passa a ser uma pessoa completa pois já encontra a outra metade de si, para Crisóstomo, Camilo é como se fosse um filho. Mas para Crisóstomo passar a ser o dobro ainda falta aparecer Isaura. Era uma vez Isaura…e era uma vez Antonino que sendo maricas foi casado com Isaura. Era uma vez…Era uma vez…
“Quem tem menos medo de sofrer, tem maior possibilidade de ser feliz.”
Não, este livro não é uma história para crianças, é um romance de uma das maiores promessas literárias portuguesas, Valter Hugo Mãe. O livro tem partes, tal como o Princepizinho de Saint-Exupéry que parecem banais, mas são de uma complexidade extrema.
Valter Hugo Mãe fala-nos da felicidade; do amor e da falta dele, da solidão; dos preconceitos (“que ridículo soava a ideia de uma triste anã querer amar, se o amor era um sentimento raro já para as pessoas normais”); da velhice e de como pode ser dolorosa (“A Isaura sentia que a mãe já era só uma memoria com necessidade de atenções médicas, era uma recordação cruel e difícil”); do que é o amor de mãe (“os filhos perdoados são outra vez perfeitos”); também critica a Igreja (“os pobres que casam hão-de precisar de um anel destes…o padre guardou para o lote das esmolas, depois de derretida a aliança de casamento de Isaura, iria em dinheiro para o banco e para as fortunas poupadas da Igreja, que nunca ninguém calculava o que valia”).
Ao longo do livro, sem nunca esquecer que “a felicidade é a aceitação do que se pode ser”, Crisóstomo consegue construir a sua família e ser feliz. (“Farto como estava de ser sozinho, aprendera que a família também se inventa”)
 Gostei mais do livro “a máquina de fazer espanhóis”, mas este também é um bom livro, pode ser considerado uma utopia, mas uma utopia para um mundo melhor.
Boa leitura…

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