Gunter Grass é um dos nomes mais consagrados da literatura Alemã. O seu mais recente trabalho, “A Caixa” é uma autobiografia que começa em 1959, sendo uma continuação do seu anterior livro “Descascando a Cebola” só que, desta vez, liberta-se mais do campo político e volta-se para o universo familiar.
“A Mariechen é uma fotógrafa especial, pois possui uma câmara antiquada em formato de caixa que se chama Agra-Box e que durante a guerra sobreviveu aos danos causados por bombas, pelo fogo e pela água. Desde então, o aparelho nunca mais regulou bem ou então regula, mas de uma maneira diferente, razão pela qual é omnividente e produz imagens bem invulgares” e é através dessas fotos, sempre tiradas por Mariechen, que são um misto de ficção e realidade, que o autor, através do ponto de vista dos seus 8 filhos, nos vai desvendando a sua vida. Elas revelam-nos que teve 4 mulheres, é através das fotos sem flash que ficamos a saber como a construção do Muro de Berlim modificou a sua vida, ou ainda, o porquê de sendo ateu ter baptizado uns filhos e outros não. O Nobel da Literatura revela-nos que foi mau aluno, mas ensina-nos que numa relação é pior não falar do que discutir, é através das fotos em tom de sépia que o autor revela que passou fome e que restaurante português é sinonimo de barato.
Um livro polémico, em que Grass consegue ser crítico consigo e com os seus, mas também demonstra ternura e por vezes indiferença. Dá-nos ainda a conhecer alguns acontecimentos históricos da Alemanha.
Boa Leitura…
Do Gunter Grass só conheço o livro "Tambor"que achei maravilhoso. Mas aceitarei a dica proposta por você. Vou correr atrás desse livro " A Caixa".
ResponderEliminarValeu a dica.
Um abração
Luiz,
ResponderEliminarHá quem diga que ninguém escreve um bom livro depois dos 70 anos, quando Grass escreveu A Caixa já tinha mais de 80 anos. Este foi o meu primeiro e único livro de Grass, certamente voltarei ao autor, pois gostei bastante. Pode não ser uma obra-prima, mas, quanto a mim, de 1-10 dava-lhe 9 valares.
O livro tem passagens inesquecíveis, como aquela parte em que se divorcia, mas continua a viver com a sua ex-mulher na mesma casa, Grass faz o paralelismo entre essa situação e viver em Berlim separado pelo mítico muro.
Nesta obra, nunca sabemos quando está a falar sobre o que aconteceu, ou se esta a usar o realismo mágico. Nesse aspecto a autor aproveita muito bem a máquina fotográfica para nos baralhar.
Por aquilo que tenho ouvido O Tambor é a sua obra-prima.