António Lobo Antunes é um dos escritores portugueses mais premiados. Entre os vários prémios que conquistou, destacam-se o Prémio para Melhor Livro Estrangeiro publicado em França, 1997; o Prémio Jerusalém, 2005; e o Prémio Camões, 2007. Não deixa de ser curioso que só após a atribuição de dois dos prémios mais importantes a nível mundial tenha-lhe sida atribuído o mais importante prémio para escritores de língua portuguesa. Em Comissão das Lágrimas volta ao tema da guerra colonial.
Vive-se o período da pós-independência, as tropas portuguesas ainda estão em Angola, mas um grande sentimento de vingança está presente dos dois lados. Cristina saiu de África aos cinco anos, agora internada numa clinica psiquiátrica recorda esses tempos trágicos.
“Porque em Angola é assim, tudo ao contrário do que se imagina”.
O racismo; a incerteza no futuro; o medo; a responsabilidade de ambos os lados; o sentimento de culpa e de perdão ou a crueldade humana são temas abordados ao longo do livro.
“Um dia destes Deus vai saber de certeza.”
Lobo Antunes não esconde a realidade, como uma escrita poética e ao ritmo do pensamento humano vai descrevendo esse período histórico em que milhares de pessoas abandonaram o país deixando tudo o que tinham, quem ficou testemunhou a destruição, muitos foram assassinados, outras ainda continuaram a praticar atos racistas.
“…o pai da Cristina a recordar o cubículo para onde se atirava as granadas, contando os segundos antes da explosão, um dois três quatro cinco, que calava os gemidos e as rezas, calava o silêncio também,…depois das granadas desaferrolhava-se o cubículo e nem sequer muito sangue, ossos ao léu rompendo a pele e a carne”
Um livro duro, de palavras difíceis, onde a morte não tem importância e o silêncio é aterrador.
Com este livro António Lobo Antunes da mais razão as vozes que reclamam para si o Prémio Nobel da Literatura.
Boa Leitura…
Boa Leitura…
Francamente, com este tipo de discurso desarticulado, repetitivo e dificilmente entendível, acho que Lobo Antunes se distancia cada vez mais do Nobel. Conforme julgo ter expresso no meu texto, o cubismo pictórico é uma coisa, porque quem observa um quadro observa-o na globalidade e apreende-o de uma vez, quase instantaneamente, sem ter de voltar a página, mesmo se depois pode demorar-se sobre um ou outro aspecto particular. Um livro é diferente: o leitor carece de pontos de referência precisos que lhe permitam reconstituir na sua cabeça uma história coerente. E a escrita de ALA defrauda essa expectativa.
ResponderEliminarOlá Fernando,
EliminarNão compartilho da sua opinião.
Quando afirma: "o leitor carece de pontos de referência precisos que lhe permitam reconstituir na sua cabeça uma história coerente" não podia estar mais em desacordo consigo.
Acho que a literatura cada vez mais vale por aquilo que questiona e não pela estória ou história que conta. No tempo de Camilo, Eça ou mesmo Vergílio, sim, era importante ter uma estória ou historia para com ela questionar o que o autor pretendia.
Na minha opinião, os melhores autores contemporâneos focam-se no que pretender questionar e utilizam as historias apenas e só para chegar a esse fim. Este livro é um exemplo disso.
Tiago,
EliminarEm parte, concordo consigo. Também acho que a história, estória, ou mesmo historinha/estorinha (se quisermos desvalorizar muito a diegese) não é algo de sacrossanto e imutável, nem a literatura tem que ficar para sempre refém da tradição. Quanto à discordância, apenas lhe direi, para já, que o questionamento a que se refere pode sempre ser feito, independentemente do modo de narração da história. Os grandes Eça e Camilo não deixaram de questionar a sociedade portuguesa sua coeva da forma mais intensa, acutilante e eficaz pelo facto de narrarem histórias inteligíveis, o mesmo podendo dizer-se, aliás, dos neo-realistas do pós-guerra e de nomes maiores da narrativa contemporânea, incluindo muitos dos que o Tiago aprecia: Saramago, valter hugo mãe, Gonçalo Tavares (apesar de eu não gostar do Aprender a rezar…), Agustina, Urbano, Sophia Andresen, Cardoso Pires, Miguéis e tantos outros. Quanto ao resto, reservo-me para um pequeno texto que publicarei brevemente no meu blog, ficando, claro, a aguardar a sua discordância.
Saudações cordiais.
Efectivamente "INVISÍVEL" não será dos melhores livros deste escritor norte-americano, mas Paul Auster é, para mim, um excelente/óptimo escritor que já escreveu belíssimos livros,e dos que já li, considero:
ResponderEliminarA Música do Acaso - excelente; Leviatã -imperdível; Mr. Vertigo - belíssimo livro; Timbuktu - a não perder;
O Livro das Ilusões - excelente; A História da Minha Máquina de Escrever - sofrível; A Noite do Oráculo -adorei; Viagens no Scriptorium (dos mais fracos);
O Homem no Escuro (também gostei); Sunset Park (também não será dos melhores). Deste modo PAUL AUSTER para mim é um grande escritor, e um grande escritor é, ao fim e ao cabo, um bom contador de histórias.