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terça-feira, 3 de maio de 2011

Stéphane Hessel - Indignai-vos

Stéphane Hessel foi um dos heróis da Resistência Francesa. Durante a Segunda Guerra Mundial evadiu-se de um campo de concentração nazi, mais tarde, já como diplomata francês, foi um dos redactores da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Aos 93 anos decidiu escrever um livro polémico, onde alerta que a Europa avança na direcção de um enorme precipício. A edição portuguesa de “Indignai-vos” tem o prefácio de Mário Soares.
Stéphane Hessel dá como razão para indignar-nos o crescente fosso entre os muito pobres e os muito ricos; o estado do planeta; o desrespeito pelos emigrantes e pelos direitos humanos; a falsa liberdade de imprensa pois “os media estão nas mãos dos poderosos”; o fim de muitos direitos sociais conquistados depois da queda do nazismo, como o direito à saúde, ou o direito às reformas; e questiona: “Mas como é possível que actualmente (os estados) não tenham verbas para manter e prolongar estas conquistas quando a produção de riquezas aumentou consideravelmente desde a Libertação (do nazismo), quando a Europa estava arruinada?” Para Hessel vivemos actualmente “numa ditadura internacional dos mercados financeiros” em que os cidadãos não sabem quem comanda ou quem decide.
 “Infelizmente, a História dá poucos exemplos de povos que retiram lições da sua própria história” e é esse o medo do autor, que a Europa possa vir a passar pelo mesmo que já passou, para isso não acontecer cabe a cada cidadão indignar-se, obrigando os políticos a mudarem as suas actuais politicas, mas essa indignação deve sempre seguir o caminho da não-violência pois, segundo o autor, só aí reside a esperança.
Boa Leitura…

11 comentários:

  1. É verdade, devenos "indignar-nos" como ele nos aconselha... Mas levar mais longe a indignação... Ele interveio em tudo o que pôde e continua ainda o seu protesto exemplar.
    Abraço

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  2. E, alem de ter passado por situações estremas, como o campo de concentração nazi, preferiu sempre a luta por meios pacíficos.
    Um dos nossos grandes problemas é que falamos muito, indignamo-nos muito, mas, ao contrário de Stéphane Hessel fazemos pouco.

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  3. Caríssimo Tiago M. Franco,

    É, com efeito, um livro que devemos recomendar pela imensa lucidez das suas análises, apesar dos noventa e três anos do autor, pela experiência inspiradora dos seus exemplos de vida que nos lega uma imensa sabedoria e uma elevada sensibilidade na defesa activa e entusiasta dos Direitos Humanos, que podemos confirmar quando o ouvimos.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  4. Sim, Stéphane Hessel tem um invejável currículo na defesa dos direitos humanos.
    Na minha opinião, hoje em dia, não são os políticos que regem as leis, são os grupos económicos. Os políticos que deviam ter como função defender os direitos dos que depositam confiança neles através dos votos, apenas defendem o interesse daqueles que lhes financiam as campanhas eleitorais. Existe como o autor defende, uma grande falta de ética na política e esse é um dos nossos grandes males.
    Também não acredito que a minha geração vá mudar alguma coisa, pois não fomos educados a indignarmo-nos, fazemos uns textos bonitos, temos umas conversas bonitas, mas não temos coragem de passar há pratica. Quanto a mim terá que ser outra geração a acabar com está ditadura económica.

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  5. Caríssimo Tiago M. Franco,

    Sem dúvida é inequívoco que há uma adulteração dos actuais regimes democráticos sob efeito da ditadura económica. Todavia, a Globalização e os desafios que ela lançou à Humanidade tornam este problema mais complexo, porquanto se intrinca com as questões Éticas como diz. Tenho esperança que, com mais meditação que consciencialize as populações, seja possível com o exemplo das Manifestações realizadas em Espanha que, por estes dias têm sido difundidas nos Meios de Comunicação Social, talvez o imobilismo cívico comece a dar lugar à indignação pacífica de cidadãos responsáveis e justos.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão

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  6. Caro Nuno,

    Não deixa de ser curioso como acabou a manifestação em Espanha.
    Também, e voltando ao livro de Stéphane Hessel, não deixa de ser curioso o prefácio de Mário Soares, ele afirma:
    "Por outro lado, no plano político, tem havido um certo "rotativismo"-a meu ver inconveniente - entre os dois principais partidos da área do poder - PS e o PSD - representando, respectivamente a Esquerda democrática e o Centro-Direita. Além da posição da Esquerda radical - PCP e Bloco de Esquerda, que se tornaram partidos de mero protesto, sem oferecer qualquer alternativa de poder, dando a impressão de que sonham com um novo PREC. Quanto ao CDS/PP trata-se de um antigo partido democrata-cristão que tinha razão de ser, como tal, mas que como Partido Popular à espanhola, está ainda à direita do PSD, o que em Portugal, por razões históricas, tem cada vez menos espaço.
    Se o rotativismo entre PSD e PS é mau para o país e se PCP, BE, e CDS não representam alternativa, então qual é a alternativa? Será que Soares não acredita em toda uma classe politica?

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  7. Caríssimo Tiago Franco,

    A sua pergunta é bem pertinente. Só não tive oportunidade de lhe responder antes.

    Com efeito, há necessidade de repensar as democracias "pós-modernas" desta Era da Globalização, o que constitui para todos nós, cidadãos e classes políticas, um desafio imenso. Há, também, necessidade de repensar as Esquerdas, o que constitui outro desafio enorme com que nos deparamos. A alternativa será, provavelmente, no espírito do Dr. Mário Soares, nos diversos escritos políticos que tenho lido dele a formação de uma Frente Popular de Esquerda, como aliás ele tentou no início dos anos 80 frente à Aliança Democrática que foi a efémera Frente Republicana Socialista, mas na Câmara Municipal de Lisboa essa Frente de Esquerda teve uma efectividade com algum sucesso. Não nos podemos esquecer, igualmente, que na História Contemporânea houve movimentos desses na Europa dos anos 30 do século XX aflita com o impacto da crise capitalista "importada" dos EUA.

    Actualmente, esta alternativa tem de ser pensada de uma forma global, no quadro Europeu, com uma "quarta via" do Socialismo por inventar, uma vez que a "terceira via" de Anthony Giddens está esgotada e não tem permitido aos Partidos Socialistas Europeus responderem com eficácia aos desafios imensos da Globalização. Esta alternativa é um grande desafio à inteligência e à sensibilidade das pessoas de Esquerda. Esta conjuntura global, também, tem de mudar com o surgimento de novas Utopias realizáveis, porque como dizia o filósofo francês Paul Ricouer a mudança política faz-se através da "práxis" de ideologias que estejam em constante dialéctica com as utopias.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão

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  8. Caro Nuno,

    Gostava de acreditar que será possível sairmos da actual situação, mas julgo que a ganância dos mercados financeiros não o vai permitir.
    Também não quero acreditar naqueles que afirmam que a Alemanha, agora com o apoio da França, está a fazer pela via politica aquilo que não conseguiu fazer pela via militar, mas a verdade é que as actuais políticas europeias estão a condenar milhares de pessoas há fome. É triste ir hoje em dia a varias cidades e ver, perto da meia-noite, varias pessoas de volta dos contentores do lixo para dessa forma poderem fazer a primeira e única refeição do dia.
    Relativamente a Esquerda, julgo que hoje em dia ela tem um grave problema: os seus líderes não têm a noção do que se passa por ai. São extremamente elitistas e não tem a noção das dificuldades que as pessoas realmente sentem. Com isso, perderam o apoio daqueles que teoricamente seriam a sua principal base de apoio (os pobres, os desfavorecidos e os sonhadores). Acredito que parte dessa base de apoio não vota á Direita, mas o facto de não irem votar leve a que actualmente 25 dos 27 países europeus sejam governados por partidos de direita.

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  9. Caríssimo Tiago Franco,

    Como dizes, como europeus temos um longo caminho pela frente, face à preponderância do nacionalismo alemão e à ganância dos mercados financeiros, para nos aproximarmos da utopia do socialismo democrático. Com efeito, a pobreza alastra na Europa devido à emergência das novas potências no contexto de uma Globalização desregulada. Deste modo, só será possível compaginar crescimento económico com justiça social se se promover uma Globalização que favoreça uma competitividade regulada através do ressurgimento institucional da ONU em novos moldes.

    Há, efectivamente, um desfasamento entre os políticos e os cidadãos que se reflecte nas elevadas taxas de abstencionistas, mas as redes sociais também têm permitido novos e alargados debates das opiniões públicas. Foi, como o irá provar a História do início do século XXI, a falta de regulação da Globalização e dos mercados financeiros que tornou inviáveis os socialismos de terceira via na Europa, porque a concorrência sem regras tornou possível uma nova conjuntura mundial com novos protagonistas do xadrez político internacional. Se a Globalização é irreversível, no entanto temos de a moldar para que as suas desvantagens ecológicas e sociais diminuam.

    Urge, com humildade, fazer força para que a Globalização e os mercados financeiros sejam regulados, no sentido de não surgirem novas "bolhas especulativas" que distorçam cada vez mais as economias reais. Ao mesmo tempo, importa construir com um optimismo realista um novo rumo ideológico para o socialismo democrático voltar a ter viabilidade governativa para que os partidos de Esquerda na Europa possam ter capacidade para inverter as crescentes desigualdades sociais, internas e externas, que se fazem sentir na Europa. Esta é a minha Esperança como eco-socialista-cristão que sou.

    Cordialmente, Nuno Sotto Mayor Ferrão

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  10. o mundo vive numa época parecida com a que a população vivia pré revolução francesa... fome é o que impera, efeito deste sistema financeiro = um país que não tem território definido, onde quem manda são uns poucos especuladores, suas leis: busca do lucro, independente se para isso tenha que considerar os bens naturais da terra como infinitos para exploração. O mercado financeiro pra ajudar um país exige cortes no orçamento social, quem paga é o povo que nem fora consultado... e assim vai...

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  11. Rafinhacb,

    Existe uma coisa na Europa que parece inegável: a nossa civilização está em decadência. Se é por causa da especulação, ou do pouca qualidade dos políticos actuais e anteriores não sabemos, o que sabemos é que as condições de vida das populações são cada vez piores, não me estou a referir a luxos, esses podem-se abdicar que nem morre, estou-me a referir há fome, cada vez há mais gente com fome no velho continente. Talvez não parece tanto como na realidade é, porque a maioria das pessoas nessas condições têm vergonha de o assumir, preferem ficar em casa e resignar-se com o pouco que têm.

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