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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

OS Malaquias - Andréa del Fuego



Andréa del Fuego é uma jovem escritora brasileira natural de São Paulo. Com apenas trinta e sete “primaveras” já tem vários livros editados no Brasil. O seu último romance, Os Malaquias, ao vencer o Prémio José Saramago, fez com que “saltasse para as luzes da ribalta” e ocupasse por várias semanas os tops de vendas tanto em Portugal como no Brasil.
Com um estilo de escrita muito próprio, onde o supérfluo não existe, a poesia é uma constante e o realismo mágico está sempre em pano de fundo, descreve a vida de três irmãos que ainda muito jovem – Nico aos nove anos, António aos seis anos e Júlia aos quatro anos – veem os seus pais morrerem após um raio atingir a sua humilde casa. Impercetível na altura, o raio deixaria marcas nos três jovens.
Júlia é adotada por Leila, uma senhora muito rica, António acaba por ficar num orfanato e Nico passa a viver na fazenda de Geraldo. Mas as vidas de ambos vão ser bastante diferentes, nem sempre quem aparenta ficar melhor é aquele que fica.
 “Geraldo era dono até do que não tinha”
Geraldo, o fazendeiro, é outra das personagens em destaque ao longo do livro. Ele representa todos aqueles que valendo-se da sua posição social e económica aproveitam o mal dos outros para fazerem fortuna.
“Que Deus não me ouça, mas já ouvi casos em que a mulher adúltera é castigada com um filho defeituoso”
Muitos temas são abordados ao longo do livro. Os preconceitos socias, a vida dura das pessoas com poucos recursos, a não preocupação pelo mal dos amigos, mesmo quando estes passam fome, os laços sanguíneos que não garantem a amizade e a compaixão, a maçonaria ou a ganancia pelo lucro são apenas alguns dos temas abordados.
“Em águas turvas as substâncias não se veem.”
Quer se goste, quer se odeie, Os Malaquias fazem partes daqueles livros que não deixam o leitor indiferente.
Boa leitura…

sábado, 15 de setembro de 2012

Paul Krugman (Prémio Nobel da Economia 2008) em Acabem com esta Crise já!


"Mas se um trabalhador individual pode melhorar as suas hipóteses de arranjar emprego ao aceitar um salário  mais baixo, porque isso o torna mais apetecível em comparação com outros trabalhadores, já o corte nos salários em todos os sectores de atividade deixa toda a gente na mesma situação, à exceção disto: tal corte reduz os rendimentos a toda a gente, mas o nível de endividamento continua igual. Por conseguinte, uma maior flexibilidade nos salários (e nos preços) resultaria simplesmente num agravamento das coisas."

Excerto da página 65.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Gabriel Garcia Marquez - A Aventura de Miguel Littín Clandestino no Chile



Decorria o ano de 1985. O Chile vivia sobre a ditadora militar do general Pinochet, umas das mais duras que a América Latina conheceu. Nos doze anos de ditadura que tinha decorrido até então, Pinochet tinha provocado quarenta mil mortos, dois mil desaparecidos e mais de um milhão de exilados. O país vivia um novo estado de sítio, todos os dias as sirenes assinalavam a hora do recolher obrigatório. É nestas condições que Miguel Littín, realizador de cinema e exilado político chileno, decide entrar no país para “filmar clandestinamente um documentário sobre a realidade do Chile”.
Gabriel Garcia Marquez, Prémio Nobel da Literatura 1982, já então um dos autores mais respeitados em todo o mundo, ao ouvir a história contada pelo próprio Miguel Littín aproveita a sua grande projeção mundial para dar uma ajuda ao povo chileno. Assim nasceu este livro, uma aventura verdadeira em que o autor tentou ser o mais realista possível.
“Eu, Miguel Littín, filho de Hernán e de Cristina, realizador de cinema e um dos cinco mil chilenos com proibição de regressar, estava de novo no meu país, ao fim de doze anos de exílio, embora ainda me encontrasse exilado dentro de mim próprio: usava uma identidade falsa, um passaporte falso e até uma esposa falsa.”
As mudanças constantes de hotéis por razões de segurança, as entrevistas a dirigentes da oposição que viviam na clandestinidade, as filmagens dentro do Palácio La Moneda onde Pinochet trabalha, ou a inesperada visita à sua mãe, onde esta não o reconheceu, são apenas algumas das aventuras que teve durante as seis semanas que permaneceu no Chile.
“Assumi a estranha condição de exilado dentro do meu próprio país, que é a mais amarga forma de exílio.”
Entre muitas coisas, Miguel Littín filmou um país onde as pessoas tinham medo de falar, onde o trabalho escasseava e a fome abondava, onde era preciso autorização para filmar na rua, onde os mineiros tinham péssimas condições de trabalho.
“Este não é o feito mais heroico da minha vida mas sim o mais digno”
Um livro cheio de histórias e aventuras e com a incontornável qualidade literária de Garcia Marquez.
Boa leitura…

Mais sugestões e citaçoes de livros de Gabriel Garcia Marquez:

domingo, 9 de setembro de 2012

José Cardoso Pires em O Hóspede de Job


O nosso cérebro é incrível...

Após a amputação da perna de João Portela:

"Agora ainda não é nada. O pior vai ser quando acordar. Diz o nosso sargento que as pessoas continuam durante muitos dias a julgar que têm perna, braço ou seja lá o que perderam. Chegam a sentir dor, vê tu. Já pensaste o que é ter dor numa coisa que não existe? Procurar aqui e não achar nada."

Excerto da página 144.